segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Que Mundo é esse?
QUE MUNDO É ESSE?
A velocidade das mudanças ocorridas, com a modernização dos processos vivenciais, fruto da globalização e do capitalismo, deixou-nos a saudade perene de um passado seguro, onde podíamos fotografar bons momentos, com as lentes de uma emoção sadia.
O progresso sempre foi e será bem-vindo, em suas múltiplas formas de desenvolvimento humano. Porém, ninguém perguntou se a humanidade estava preparada para recebê-lo como surpreendente corisco, partindo nossas perspectivas de vida e deixando profundas seqüelas sociais.
Dormimos, por décadas e décadas, nos braços esplêndidos de uma vida tranqüila, onde o trabalho era sinônimo de estímulo e bem-estar, os valores morais eram repassados de geração à geração e tínhamos tempo para o lazer, o fazer e conservar amizades.
De repente, talvez até porque não nos tivéssemos apercebido de tal evolução, acordamos sob o estresse de uma acirrada competição profissional, prisioneiros da insegurança em nossos próprios lares e buscando amigos “on line”. Fomos atirados indefesos, como simples marionetes, no palco de um egoísmo inaceitável e de uma ambição ilimitada pelo poder.
No impacto desse despertar, ainda perplexos, tentamos apalpar com mãos trêmulas, o que nos restou de tranqüilidade, lazer e segurança. Mas onde encontrar o chão do equilíbrio?
E na ausência de asas, passamos a correr quase insanos, na batalha incessante pela sobrevivência, deixando aqui e ali, pedaços de nossos sonhos - míseros projetos de uma fantasia inacabada.
De pés em falso, persistimos nessa corrida olímpica, cronometrando as horas carrascas de nosso dia-a-dia, com o desespero de quem quer chegar, mas não sabe aonde! Entre um bocejo e outro, alongamos nosso olhar como a buscar um ponto de apoio.
O quadro que se projeta à nossa observação é de um profundo abstrato. Figuras deformadas pelo pincel da atualidade ostentam as mais diversas máscaras...
A que e a quem atribuir o peso de tamanha responsabilidade? Em que ponto do universo foi danificada a âncora que delimitava o lado perverso da humanidade? Não seria esta a hora, apesar de todo seu atraso, o tempo certo para o homem retornar ao seu PENSAR?
Nossa criatividade está asfixiada. Encontramos tudo pronto. A meta se restringe ao valor do conteúdo de cada embalagem. Por que então esquentarmos nossos neurônios na busca de respostas, se elas já estão injetadas em computadores, à nossa disposição?
Esse comodismo, vivenciado por grande parte da população do globo, tem gerado amnésia da época dos grandes pensadores, que pesquisavam o princípio e o fim, a causa e o efeito.
Mas... este macro veículo, que transporta nosso cotidiano, embora desnorteado em seu percurso, poderá em uma de suas curvas imprecisas, firmar a barra de direção e prosseguir rumo à realização de nossos ideais.
Depositemos, pois, nesse desejo de um porvir alvissareiro, toda a força de nosso pensar, toda as gotas suadas de nosso trabalho. Juntemos a essa argamassa, o poder inquebrantável de nossa força moral, para que a saudade do passado se esfume na concretização de um presente salutar, onde possamos desenvolver nossos objetivos de progresso, com a tranqüilidade da reflexão que abrange o respeito à dignidade e o bem-estar comum.
(Ercy)
Ismália!
Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
(Alphonsus de Guimaraens)
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